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Ilê Mulher vira tema de TCC de estudante de Pedagogia

“O trabalho pedagógico do Ilê Mulher: Diálogo e expressão artístico-cultural como instrumento de resgate da cidadania da população em situação de rua”. Trabalho de conclusão de curso (TCC) na Faculdade de Educação da UFRGS da acadêmica de Pedagogia Jurema Machado, de 63 anos.

Emocionada e feliz com a própria trajetória, a defendeu o “Terminar essa etapa foi um momento de satisfação e de alívio. Uma alegria tão grande e um misto de sentimentos que não consigo descrever. Estou me formando e consegui provar para mim mesmo que sou capaz, que posso me reerguer e me transformar quantas vezes forem necessárias”, reflete a futura pedagoga. Para conferir a apresentação da monografia, veja o vídeo.

Na presença de duas filhas, a irmã e muitos colegas e servidores da Faced, a formanda relatou o processo de pesquisa sobre  Jurema detalhou que trabalhou como diarista dos 12 aos 50 anos e aos 56, após concluir o Ensino Médio, fez curso pré-vestibular, não passou no primeiro vestibular, mas tentou novo processo seletivo e chegou na UFRGS com o objetivo de aproveitar as oportunidades e ser feliz. E ainda em 2017 ela definiu o tema do TCC. “Foi na disciplina os Excluídos da Escola que conheci o Ilê Mulher, que trabalha com a população em situação de rua. Nesta pesquisa, com estudo de caso com cunho qualitativo e interpretativo, analisei o trabalho pedagógico dessa entidade”, resume, ao adiantar que pretende seguir pesquisando essa temática, se possível, no mestrado.

Jurema foi orientada pela docente Karine Santos, coorientada pelo mestrando Carlos Alessandra da Silveira. A banca foi composta pela professora Juliana Vargas e o professor Maurício Perondi.” Essa mulher negra, trabalhadora, mãe de cinco filhos, que superou muitas coisas para resistir à universidade foi um dos privilégios mais bonitos da minha trajetória profissional. Jurema ousou, não só ocupou um espaço na universidade, mas ocupou toda a universidade: fez extensão, foi bolsista de iniciação científica, cursou um monte de cadeira eletiva, organizou eventos, foi para Salvador na Comissão da Pedagogia no Encontro Nacional dos Educadores Sociais”, elogia a orientadora, ao ressaltar que Jurema deixa uma marca histórica e é uma inspiração para quem circula pela Faced.

Fonte: https://www.ufrgs.br/faced/

Cidadania, Cultura e a Pop Rua

Nesta terça-feira (01/11), os nossos usuários do Abrigo Municipal Bom Jesus fizeram uma visita mediada na Bienal Mercosul Trauma, sonho e fuga. Em busca de fortalecer a conexão entre a rua e a arte.

Cidadania, Cultura, ocupação de espaços. Sempre defendi que a Cultura é importante pra transformar vidas. Cultura foi o embrião do Ilê Mulher.”, enfatiza Iara da Rosa, presidenta da Associação Ilê Mulher. Cidadania e Cultura contra as barreiras que rotulam pejorativamente a População em Situação de Rua. O exercício proposto pelos nossos educadores, oficineiros, gestores, trabalhadores da rede socioassistencial é de visibilizar o quanto de potencial essa população carrega consigo, seja de históricos, ideológicos, culturais ou artísticos. O Ilê Mulher está comprometido com a inserção social, construção da cidadania e com o desenvolvimento da potencialidade da linguagem artística dessa população.

Estamos pela promoção de ações que busquem por conscientização e que incentive a reinserção dessa comunidade. Estamos pela luta de direitos e de ocupar espaços e pela transformação de vidas. Viva a cidadania e a cultura.

Ilê Mulher lança curta “O Caminho dos Peregrinos”

O curta-metragem “O caminho dos Peregrinos” elaborado pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) – Ilê Mulher foi lançamento no dia 14 de dezembro de 2017, às 10h, no cinema do Sindibancários, localizado na rua R. General Câmara, 424, Centro de Porto Alegre. Após a exibição do curta foi realizada uma roda de conversa com os oficinandos,  organizadores do evento e com a convidada Vika Schabbach (ex-oficineira de teatro do SCFV). 

O vídeo possui cerca de 20min de duração e contou com a participação de mais de 40 usuários no seu processo de elaboração. A produção audiovisual é o resultado de uma construção coletiva entre as oficinas ofertadas pelo (SCFV) – Ilê Mulher para a população adulta em situação de rua.

O curta tem como narrativa as histórias vivenciadas pela população adulta em situação de rua de Porto Alegre, por meio de depoimentos que retratam as percepções de mundo dentro das suas historicidades, andanças e particularidades. O documentário se propõe a mostrar que os peregrinos são produtores de sua própria jornada e agentes políticos capazes de analisar, expor e sugerir mudanças dentro da sua realidade. Ainda tem como objetivo, ressaltar a violação de direitos humanos e estimular a conscientização social e política para a situação dessa população.

A construção do filme se deu no esboço das atividades desenvolvidas em 2016, na oficina de teatro conduzia pela oficineira Vika Schabback, tendo um resgate e consolidação em 2017, na oficina de cidadania com o acompanhamento da educadora social Cristiane Pires, da assistente social Vanessa Ribeiro e na oficina de vídeo por meio da captação, edição e montagem com a condução do oficineiro Gabriel Barcellos.

O Lançamento do curta contou com a cobertura do programa “Panomara” da emissora TVE (RS). Confira a matéria abaixo: 

*Texto: Mariana Souza

“Olhar Peregrino” exposição itinerante do Ilê Mulher

A mostra itinerante “Olhar Peregrino” retrata as vivências e andanças dos oficinandos de artes, fotografia e teatro de sombras do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) – Ilê Mulher em uma perspectiva singular. Propõe uma reflexão sobre a visão de mundo da população adulta em situação de rua, sua historicidade e discursos vivenciados nas suas relações sociais, integrantes da rotina (muitas vezes invisível) da sociedade contemporânea. A mostra indica o pertencimento de cada peregrino ao espaço e tempo da cidade de Porto Alegre.

O trabalho das oficinas no SCFV é potencializar as habilidades de cada participante, permitindo que a sua expressão se dê pela linguagem visual, exercitando, desta forma, o olhar crítico, estético e sensível. A poética da rua é o fio condutor da mostra. Assim, pela valorização do cotidiano vivenciado por cada um, a arte toma espaço, tornando-os artistas.

A mostra cultural itinerante que possui duas ocupações – ficou em cartaz no Vila Flores, em Porto Alegre, no 13 de dezembro de 2018. E, entre os dias 07 à 11 de dezembro de 2017, locada no Espaço Cultural 512, na Cidade Baixa –, é composta por pinturas, fotografias e por projeção de vídeo. No campo imagético, se exprime pinturas íntimas de cada artista, através das memórias de infância expressas nos quadros pintados que trazem imagens de desenhos animados. As pinturas dão vida a criança interior dos artistas e trazem o brincar como inspiração principal do trabalho. As oficinas de artes são ministradas pela oficineira Beth Reginatto e  Educadora Social Tatiana Faleiro. 

As narrativas fotográficas são construídas por câmeras Pinhole de Sardinha elaboradas dentro das oficinas de fotografia ministrada pela fotógrafa Mariana Souza. O resultado com esse tipo de câmera é único, por conta da sua ótica que se distingue das câmeras convencionais, e se assemelha a pintura óleo. A Pinhole (traduzida para português como “buraco de agulha”) é uma câmera fotográfica artesanal que utiliza materiais reciclados e de baixo custo, colaborando com a sustentabilidade na reutilização de plásticos, madeiras e metais.

A Pinhole se estrutura no princípio básico da fotografia que é a câmera escura. Seu uso vai além de um processo didático, pois a câmera beira ao experimentalismo e o resultado são fotografias com sobreposições como a fotografia “Feixe de Luz”, deformidades expressas na “Espectro” e suavidade no foco como demonstrado na fotografia “Dia de Chuva”. Fotografias de câmeras analógicas e digitais também compõem a exposição. As imagens expressam o caminhar de vida dos peregrinos, impregnado pela beleza e simplicidade de ser o que se é.

O visitante também passa por uma experiência única de imersão nos processos e exercícios plásticos, teatrais construídos individualmente e coletivamente pelos usuários com orientação da oficineira Maíra Coelho e, que são exibidos na mostra em vídeo do Teatro de Sombras. Sonhos, desejos e fantasias impregnam a produção audiovisual, marcadas pelo uso das linguagens visuais e corporais que parecem saltar em vídeo. 

Com curadoria de Mariana Souza e Tatiana Faleiro, oficineira e educadora social do SCFV, a mostra Olhar Peregrino tem por objetivo dar visibilidade a população adulta em situação de rua, fomentando para uma conscientização social, política e cultural.

* Texto e fotografia: Mariana Jesus

 

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